Cinco filmes do cinema negro que você precisa assistir

Cooley High (1975): ficção que se passa numa escola real de Chicago. Retrata os dias de um grupo de estudantes – em especial os amigos Preach e Cochise – entre a rotina escolar, a fuga da rotina escolar, festas, paixões e algumas desventuras. Apesar de ter sido filmado em meados da década de 1970, a história se passa no ano de 1964. Considerado um clássico do cinema negro, é muito interessante para quem quer conhecer a faceta cotidiana dos jovens na cultura afro-americana sessentista. Esse cotidiano comum, sem glamour, geralmente é retratado de forma bem superficial pela maior parte dos filmes, que costumam destacar sempre o lado político ou musical dos jovens da época. A trilha-sonora é inteiramente composta por clássicos da Motown da década de 1960: Stevie Wonder, Martha & The Vandellas, Diana Ross & The Supremes, Smokey Robinson & The Miracles, entre outros. Maravilhoso e merecedor do título de clássico. Dirigido por Michael Schultz.

cooley high 2

New Jack City (1991): já começa bem por fazer referência à fase do R&B conhecida como new jack swing, que durou do final da década de 1980 até a primeira metade da década de 1990. Outro fator interessante é que essa é a estréia de Mario Van Peebles, o filho do pioneiro diretor do black cinema Melvin Van Peebles, na direção de um filme. Não bastando isso, ainda é estrelado pelo rapper Ice-T, famoso pelo hit “Cop Killer” com sua banda Body Count, interpretando um policial pela primeira vez (Algo que se tornou comum ao longo de sua carreira como ator). Sem falar nas atuações de Wesley Snipes, Chris Rock e Allen Payne. Mas vamos à história: Nino Brown (Wesley Snipes) e sua gangue Cash Money Brothers são os maiores produtores de crack da cidade de Nova Iorque e cabe ao policial Scotty Appleton (Ice-T), trabalhando sob disfarce, ganhar a confiança dos traficantes para poder se infiltrar e tentar desmantelar suas operações. A trilha sonora obviamente é dominada pelas grandes estrelas do new jack swing e conseguiu alcançar o segundo lugar da Billboard em 1991.

new jack city

Babylon (1980): praticamente a versão inglesa do filme jamaicano Rockers (1978), tão comentado nas postagens aqui do Ubora. Assim como seu filme-irmão jamaicano, Babylon também é estrelado por um músico, o vocalista Brinsley Forde, da banda Aswad. A trama mostra o desenrolar da equipe do sound system de reggae Ital Lion Sound numa tentativa intensiva de superar o sound system rival, de Jah Shaka. Mas Jah Shaka não é ficção, se trata da figura mais importante da cultura sound system na Inglaterra, na ativa até hoje (E há mais de 40 anos). Blue, personagem de Brinsley Forde, além de sua dedicação ao Ital Lion Sound, precisa lidar com sua família, namorada, o trabalho em uma mecânica e conflitos internos. Vale a pena não só pela história, mas também pelo conhecimento do estilo de vida do povo de origem jamaicana na Inglaterra e a cultura sound system. Dirigido por Franco Rosso.

babylon

Juice (1992): claramente inspirado em Cooley High, retratada o cotidiano de Bishop (Referência ao Preach de Cooley High), Q, Raheem e Steel, que se auto-intitulam “The Wrecking Crew”. Entre as faltas na escola e a curtição da adolescência – sempre embalados por muito rap e R&B – os jovens do bairro do Harlem acabam cometendo um crime que trará consequências drásticas para suas vidas. Estrelado por Tupac Shakur, em sua primeira grande atuação para o cinema. Considerado um dos maiores clássicos do cinema negro das últimas três décadas, não faltam referências ao Juice em seriados, músicas e no estilo negro atual. Dirigido por Ernest R. Dickerson.

juice

The Five Hearbeats (1991): a história do grupo fictício de soul The Five Heartbeats ao longo de três décadas. Da ascensão à queda. O roteiro é inspirado em fatos da vida e carreira musical de diversos artistas, entre eles Sam Cooke, The Temptations, James Brown e Wilson Pickett. Verdadeira aula de soul music, retrata de modo fantástico os métodos de criação musical, criação de coreografias, figurinos e performance ao vivo dos grupos da época. E isso tudo vai se adaptando conforme as transformações que a cena musical negra sofreu dos anos 1960 aos anos 1980, tempo de duração do grupo The Five Heartbeats. Mas como nem tudo é só alegria nessa carreira, o filme também retrata os problemas contratuais com gravadoras, empresários desonestos, vícios e a rotina cansativa dos artistas. Um passeio pela época. Robert Townsend além de estrelar o filme, ainda o dirige.

the five heartbeats